Casa de Caridade Leopoldinense no ano de 1902
(Foto Gazeta de Leopoldina)
O dia 20 de julho de 2002 marcou os 100 anos do lançamento da pedra fundamental do prédio em que hoje funciona a Casa de Caridade Leopoldinense, na Rua Padre Júlio, 138, Leopoldina, MG. A aritmética do tempo não demonstra diferença importante entre 100 e 99 anos, ou entre 100 e 101 anos, mas o sistema decimal é pródigo nesses arredondamentos em zero que tão bem se prestam a marcos de conquistas e a festivas comemorações. Em todo caso, 100 é um número realmente charmoso e referindo-se a UM SÉCULO de existência de obra tão importante para uma comunidade, como é caso do nosso Hospital, convém mesmo comemorar. Ao articulista que a módica criatividade discursiva o amarra à concretude dos registros históricos, boa maneira de honrar a efeméride será oferecer aos leitores suas anotações sobre a centenária instituição. Vamos lá. A idéia de construção da Casa de Caridade Leopoldinense parece ter surgido na cabeça do vitorioso e lúcido advogado Gabriel de Paula Almeida Magalhães. Se não teve ele a exclusividade da iniciativa, foi certamente quem lhe dispensou a decisiva acolhida. A República ainda não havia completado cinco anos, em setembro de 1894, quando, integrando a Comissão de Saúde de nossa Câmara Municipal, os médicos Joaquim Custódio Guimarães Júnior e Joaquim Antônio Dutra, fizeram votar a Lei Municipal nº24/1894,que destinava fundos do orçamento.
Daquele ano (20 contos de réis) e do ano seguinte, de 1895 (10 contos de réis), para auxílio na criação de um Hospital era presidente da Câmara, portanto Chefe do Executivo Municipal (equivalente, hoje, a Prefeito), o Sr. Lucas Augusto Monteiro de Castro. A cena nacional estava conturbada, com o Presidente da República, Floriano Peixoto, terminando aos trancos seu grave quatriênio, depois da invasão federalista no Rio Grande do Sul, revolta na Fortaleza de Sta. Cruz e a “Revolta da Esquadra”, comandada por Custódio de Melo e, depois, Saldanha da Gama. Em Leopoldina, já com os recursos disponíveis, mas inúmeros desafios a enfrentar, sobretudo o de encontrar prédio adequado, somente a 03/08/1896, pelo esforço de Gabriel de Almeida Magalhães, Octávio Ottoni e Lucas Augusto, pôde ser inaugurada a Casa de Caridade Leopoldinense num imóvel residencial da (atual) Rua Manoel Lobato (*) A Gazeta de Leopoldina, em seu nº 10, de 09/08/1896, noticiou a cerimônia de inauguração com elogios às contribuições dos Drs. Gabriel Magalhães e Octávio Ottoni, tendo feito uso da palavra, tão logo o primeiro presidente da Instituição, Tenente-Coronel Manoel Lobato Monteiro Galvão de São Martinho (Vice-presidente da Câmara Municipal), declarou “instalada a Casa de Caridade”, os Srs., Augusto Teixeira, redator da Gazeta, Gama Fernandes, do Jornal O Mediador, e o reverendo Cônego Angelim, vigário desta Freguesia. Significativamente, o primeiro vice-presidente do Hospital foi o médico Joaquim Antônio Dutra que, naquele ano, desempenhava a Presidência da Câmara, chefe, portanto, do Executivo Municipal. Os primeiros Estatutos foram aprovados em assembléia de 07/03/1897. Um jornalzinho denominado “O Leopoldinense”, de 13/01/1895, informava que o cólera estava desestimulando a vinda de imigrantes para a região. Tal fato pode explicar, pelo menos em parte, o interesse dos políticos pela instalação do Hospital, sabido que naquela década, posterior à Lei de 13 de maio de 1888, ocorreu certamente a maior crise econômica de todos os tempos, no país, por falta de mão de obra e de moeda circulante para pagamento da pouca que aparecesse. Os imigrantes eram fundamentais para a economia de qualquer região e do país. Um vulto que Leopoldina não conhece teve, portanto, o Hospital em sua primeira Diretoria, como vice-presidente, um dos homens mais ilustres da história de Leopoldina, o Dr. Joaquim Antônio Dutra, cuja biografia merecia ser melhor conhecida por aqui. Foi médico, vereador, presidente da Câmara Municipal (Chefe do Executivo), Senador Estadual (1895), o chefe político, enfim, que antecedeu o Dr. José Monteiro Ribeiro Junqueira na liderança do município. Ainda o jornal “O Leopoldinense” de 01.12.1894 informa que o Dr. Dutra, preocupado com a propagação descontrolada do cólera na cidade, pediu ao Ministro da Viação que interrompesse o tráfego do Trem de Ferro para Leopoldina. Na época não eram conhecidas as formas de contaminação pelo cólera – problema de higiene local, como só depois se soube. Mas talvez por intuição médica não deixou, o Dr. Dutra, de acertar em outra medida, sem dúvida decisiva: contratou o engenheiro Lavaguino para colocar água encanada e esgoto na cidade. Um administrador, portanto, que marcou sua passagem. Levou-o de Leopoldina a paixão profissional pela medicina psiquiátrica quando o Governo de Minas lhe dirigiu proposta irrecusável para fundar, em Barbacena, o nacionalmente conhecido “Hospital Colônia”. No jornal “Novo Movimento”, de 28.08.1910, lê-se registro de que o Dr. Dutra era, naquela data, o Diretor da Assistência aos Alienados de Barbacena. Indícios históricos, ainda que não absolutamente claros, sugerem que o então Governador de Minas ao favorecer o Dr. Joaquim Antônio Dutra com recursos para soerguimento de um Hospital de Alienados, em Barbacena, teria buscado, na realidade, afastá-lo de Leopoldina em benefício de lideranças locais mais prestativas a ele, Governador. De uma forma ou de outra, o médico Joaquim Antônio Dutra fez história também em Barbacena e é, hoje, designativo de um dos logradouros centrais daquela cidade. José Monteiro Ribeiro Junqueira, que sucedeu Joaquim Antônio à frente da política leopoldinense, para aqui veio em 09.09.1894, após concluir seu curso de advocacia em São Paulo, impondo, igualmente, liderança honrada e duradoura.
O advogado, Gabriel de Almeida Magalhães - com a esposa, Da. Maria do Carmo Monteiro de Almeida Magalhães, os SUPREMOS PROTETORES, ad aeternum, da Casa de Caridade Leopoldinense – foi outro astro de brilho intenso nos céus da história leopoldinense. Na aurora da república transferiu-se para o Rio de Janeiro onde a família se fixou definitivamente. Seu neto, Rafael de Almeida Magalhães foi Governador do extinto Estado da Guanabara e, mais recentemente, Ministro da Previdência Social. Há uma passagem curiosa, com o Dr. Gabriel, narrada por ex-colega de faculdade que com ele se encontrou na praça principal de Leopoldina, no ano de 1861. Está na página 20 do livro “Histórias de um Médico”, de Cassio de Rezende. Relata o Dr. Cássio que seu pai, Francisco de Paula Ferreira de Rezende, mineiro de Campanha, que morreu Ministro do Supremo Tribunal Federal, formado pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1855, deixando a magistratura (era Juiz) em 1861, na cidade de Queluz de Minas (hoje, Lafaiete), partiu a cavalo na direção de Leopoldina à cata de lugar promissor onde sentar banca de advogado. Pensava chegar a São Fidelis, no Estado do Rio. Cansado, porém, com os cavalos estropiados, um escravo como pajem e uma dívida de dois contos de réis, parou em frente ao único hotel de Leopoldina e, antes de apear, negociando com o hoteleiro a hospedagem, alguém lhe gritou do alto do sobrado ao lado: -“Então, estais aqui?!... E conta Cássio Rezende: ... “volvendo a cabeça, quem meu pai havia de encontrar? Ninguém menos que seu colega Bié, um sujeito que tinha escapado de ser Visconde e que, já naquela época, era milionário. Gabriel de Almeida Magalhães que, no seio da família, tinha apelido de Bié, pelo qual era também conhecido entre os colegas... Em vez de apear no hotel, diz meu pai que deu uma rápida meia volta à esquerda, e foi cair nos braços do colega que ele não via desde a formatura. Tendo contado ao Dr. Gabriel que sua viagem não passava de procura de uma advocacia qualquer, disse-lhe o amigo que estava achado o que o ele queria, isto é, o que lhe convinha era a cidade de Leopoldina. E para convencer meu pai de que tinha razão, mostrou-lhe os seus assentamentos e, então, com um pouco de inveja, verificou meu pai que, enquanto ele partira para Queluz levando dois escravos e de lá saíra possuindo menos do que levara, o Dr. Gabriel, pelo contrário, tendo vindo para Leopoldina logo depois de formado, pouco mais trazendo de seu além do cavalo em que montava e, na garupa, a importância da própria formatura que ainda estava devendo, no fim de pouco mais de cinco anos, tinha pago todas as dívidas e já era tido até em conta de capitalista”. Anote-se, portanto, que nosso benemérito de 1896, o Dr. Gabriel, já era homem de recursos, 35 anos antes, no ano de 1861.
O advogado Francisco de Paula Rezende, pai do Dr. Cássio, é o autor da obra histórica “Minhas Recordações”, dentre outras publicações, verdadeiro repositório da vida leopoldinense nos anos aqui passados, de 1861 a 1892. Também ele fez fortuna em Leopoldina, mas aplicou-a em terras (Fazenda Filadélfia) e lavouras de café... Tendo a abolição, em 1888, acabado com as lavouras pela supressão da mão-de-obra, perdeu ele tudo o que tinha, mudando-se para o Rio de Janeiro, em 1892, em penosas condições, vindo a falecer um ano depois como Ministro do Supremo Tribunal Federal.
O Hospital inaugurado, como dito acima, aos 03/08/1896, numa casa da atual Rua Manoel Lobato (homenagem ao primeiro Provedor da CCL), não oferecia boas acomodações. Imóvel de destinação residencial, mobiliário modesto, embora dele se registrasse “servir para prestar bons serviços médico-cirúrgicos”. Nascia, entretanto, com o Hospital, a necessidade de um espaço mais adequado. Com o passar do tempo, o crescimento da cidade passaria de fato a exigir maiores investimentos "em benefício dos doentes e em proveito da prática profissional dos médicos". Cogitou-se, pois, da construção de novo prédio, com mais espaço e funcionalidade, o que veio a ser feito no topo da colina central da zona urbana, vizinho à Matriz, em local arejado e descortino de ampla paisagem, tendo ao fundo a Serra dos Puris. Foi assim que, aos 20 de julho de 1902, lançou-se a Pedra Fundamental do novo prédio, onde se acha ainda instalada a Casa de Caridade Leopoldinense, na Rua Padre Júlio, 138. Consta que os recursos para a construção teriam sido oferecidos por pessoas da sociedade leopoldinense, além da ajuda votada pela Câmara Municipal, referida no primeiro parágrafo, acima. Existem, nos arquivos da C.C.L, escrituras antigas de doações de imóveis urbanos e legados valiosos, em favor do Hospital, prática que há muitos anos não se vê repetir. Com muitas reformas, adaptações e acréscimos ao longo de um século é este o prédio que ainda hoje abriga o nosso Hospital.
Que não se confunda a data de lançamento da Pedra Fundamental deste prédio, aos 20/07/1902, com a inscrição do marco granítico existente na porta principal da Casa de Caridade, onde se lê: "S.P.B. - PEDRA FUNDAMENTAL - LEOPOLDINA 1.12.1889". Aquela pedra faz alusão à fundação da Sociedade Portuguesa de Beneficência, em Leopoldina, instituição da qual a Casa de Caridade Leopoldinense passou a ser sucessora, em meados de 1917. Assembléia Geral da S.P.B., realizada em 25.03.1917 decidiu pela liquidação da Beneficência em Leopoldina. Nomearam, em ata, Comissão para indicar o estabelecimento pio que receberia o Fundo Social daquela instituição, mediante concessão de favores aos seus sócios. A escolhida foi a C.C.L. No termo de absorção dos sócios da Beneficência Portuguesa, escreveu-se cláusula segundo a qual a C.C.L se obrigaria “a transportar do local em que está, para o seu prédio, a pedra fundamental da Sociedade Portuguesa de Beneficência, dando-lhe colocação condigna”. Historicamente, seria o texto mais feliz se houvesse informado o endereço da Beneficência Portuguesa, em Leopoldina. Apenas quando manda “transportar do local em que está, para o seu prédio”, atesta, indiretamente, que não funcionava no local onde hoje está o Hospital. O Hospital guarda, ainda hoje, esse documento, datado de 25 de maio de 1917, assinado pelo Provedor da C.C.L., Ignácio de Lacerda Werneck, e pelos membros da Comissão nomeada pela S.P.B, Raphael Domingues, Antônio Joaquim de Macedo Sá e João Xavier Lopes. A Sociedade Portuguesa de Beneficência - SPB, com sua pedra fundamental lançada no dia 01/12/1889 – exatos 15 dias após a proclamação da República, antecedeu em 6 anos a fundação da C.C.L. Extinta em 1917, esteve entre nós por 28 anos.
A primeira Mesa Administrativa da C.C.L., em 1896, ficou assim constituída: PRESIDENTE: Tenente Coronel Manoel Lobato Galvão de São Martinho, vice-presidente da Câmara Municipal; VICE-PRESIDENTE: Dr. Joaquim Antônio Dutra, médio, e então presidente da Câmara Municipal; TESOUREIRO: João Luiz Guilherme Gaide; SECRETÁRIO: Dr. José Monteiro Ribeiro Junqueira. Já no primeiro capítulo dos Estatutos originais da C.C.L. seus idealizadores inscreveram os grandes e perenes objetivos da entidade: "a) Prestar socorro médico cirúrgico, no respectivo Hospital, aos doentes pobres que os reclamarem, dando preferência aos do Município de Leopoldina; b) Tratar, mediante retribuição, enfermo não-indigente; c) Fornecer medicamentos e outros socorros aos indigentes". Felizes, podemos avaliar que, apesar dos percalços, a Casa de Caridade Leopoldinense, ao longo de todos os anos, meses e dias dos dois séculos que se seguiram à sua criação, vem guardando absoluta fidelidade aos princípios e objetivo de seus bravos fundadores. Nosso Hospital dispensa dedicação quase que exclusiva à população menos favorecida da cidade e dos municípios vizinhos. Cerca de 90% de nossos atendimentos são voltados, hoje, aos segurados do SUS. Atendimento às vezes deficiente, sim, porque é muito deficitário e nem sempre repõe sequer a cesta dos medicamentos consumidos. A chama, no entanto, permanece acesa, no coração de nossos médicos, no coração de nossas enfermeiras, porque a vida continua e Leopoldina precisa do seu Hospital muito amado. Olhos postos na esperança de melhores dias, reconheçamos a necessidade cívica, a necessidade moral imperiosa, a necessidade cristã, de somarmos esforços de apoio ao Hospital. Que ninguém se exima alegando ser "obrigação do Governo", porque não é! A Lei ressalva que a obrigação de o Governo prover a saúde não exclui a obrigação dos cidadãos, das empresas e das instituições. A C.C.L. vem se ressentido dessa moderada sensibilidade das pessoas em tal sentido, além do proverbial desencontro Prefeitura/Hospital que, no fundo, ao contrário do que muitos pensam, nem sempre é fruto de desavenças meramente pessoais entre Provedores e médicos/prefeitos. É que as “Santas Casas” padecem de uma realidade paradoxal: ostentam natureza jurídica de instituições privadas ao mesmo tempo em que são, de fato, “instituições públicas”, mercê de uma avassaladora submissão ao Convênio Oficial (SUS) e extrema dependência dele. Como resultado funesto dessa existência ambígua, condenam-se à obrigação civil, intransferível, de pagar sempre pelos insumos necessários a suprir o direito constitucional que os pacientes têm de não pagar pelo tratamento que recebem. Além do que, a Saúde Pública, dita descentralizada no plano federal, em âmbito municipal resulta inteiramente centralizada na pessoa do Prefeito que detém, pelas mãos bonifrate do gestor que escolhe, o condão de discernir prioridades e imputar pagamentos, podendo assim, com a faca e o queijo, ir deixando que essas instituições híbridas se desidratem no purgatório astral de suas próprias contradições, advogando ao vento reposições de verbas sempre canalizadas para destinos eleitorais mais promissores... Gestores e prefeitos estão em boa companhia. Na sentença de um dos “pais da Pátria Americana”, John Randolph, constituinte na Convenção de Filadélfia, citado por Roberto Campos e José Guilherme Merchior, “O mais delicioso dos privilégios é gastar dinheiro dos outros.” É uma questão apaixonante e complexa. Sob outra perspectiva, alguém poderá sustentar que a crise dos Hospitais se resolveria simplesmente com a ampliação adequada dos atuais limites do SUS. Só que, a ser isto verdade, seria verdade inócua, destinada ao limbo, porque a sociedade brasileira não quer, ou ainda não tem como, bancar as benesses da Constituição de 88 com a criação de novos impostos. Infelizmente, parece que o remédio será seguir buscando medidas heróicas e paliativas antes que alguém “descubra” que a solução seja municipalizar as Filantrópicas! Como se vê, o Hospital enfrenta problemas, sim. Problemas, no entanto, que não nos impedem - a nós que amamos este legado de nossos antepassados ilustres - de comemorar estes 100 anos de muita luta e de muitas vitórias em favor dos irmãozinhos humildes que povoam nossos corredores e enfermarias, e que nem de longe admitem ver cerradas as portas de sua velha e gloriosa “Casa de Caridade”!
A Casa de Caridade Leopoldinense possui uma verdadeira jóia histórica, que é o seu antigo Livro de Visitas. Aberto em 20/01/1907 com uma bela manifestação do Major Alcebíades Cunha, o livro, já velhinho, maltratado pelo tempo e por certa falta de cuidado em sua conservação, foi encontrado e por nós recuperado. Dentre as dezenas de assinaturas importantes que abriga, anotamos os nomes das personagens mais importantes, algumas nacionalmente conhecidas, aduzindo pequenos comentários como contribuição à memória, sobretudo dos leitores mais novos: - Em 03/06/1907, logo numa das primeiras páginas, lê-se a manifestação do Sr. Justiniano Matolla de Miranda, “... um tributo de minha saudade à memória de Gabriel de Almeida Magalhães...” atestando que, naquela data, o advogado e grande benemérito da Instituição já era falecido. Justiniano será, certamente, ancestral dos Matollas, família leopoldinense numerosa e muito querida entre nós; - Aos 23/03/1908, comparece ao Livro, o Sr. Domingos Sabino, de tradicional família leopoldinense da qual o escritor Fernando Sabino é um dos descendentes; - Em 29/12/1909, o Sr. Antenor Penido elogia o Hospital com créditos pessoais ao administrador, Francisco de Aguiar; - Em 21/08/1910, temos as palavras e a assinatura de Olympio Machado de Almeida, importante pater familias do tronco dos Machados, de Leopoldina; - Em 17/05/1912, palavras de estímulo e as assinaturas de Octacílio Fajardo de Paiva Campos e Famílio Fajardo de Mello Campos, dos tradicionais Fajardos, de Piacatuba; - Os alunos do “Grupo Escolar” são levados para conhecer o Hospital no dia 21/04/1913, pela diretoria e corpo docente do estabelecimento, assinando o Livro a diretora-substituta, Maria Brígida de Medeiros Castanheira; Professoras, Maria Feliciana Torres; Antonieta Guariglia; Maria Pagano; Odette Tavares; Dulce Botelho Junqueira e o diretor, R. Mattola; - A 18/11/1921, assina o visitante Jackson de Figueiredo (famoso escritor); - Aos 03/08/1922, a letra e a assinatura inconfundível daquele nosso advogado que chegaria à Presidência da República, Dr.Carlos Coimbra da Luz, firmando ao lado do importante jornalista, José Dantas; - A 13/01/1925, quem visita o Hospital e deixa no Livro sua impressão é Manoel Funchal Garcia; - Em 07/01/1926, a assinatura gloriosa do Dr. Carlos Chagas que, discretamente, se identificou como “médico do Hospital Osvaldo Cruz”... Muito mais que isto! Ele era Diretor do Instituto Bacteriológico Osvaldo Cruz; já havia erradicado a malária na cidade de Santos (1905); já havia concluído as pesquisas para debelar a tripanossomíase do Brasil (1909), a cujo agente deu o nome de Tripanosoma Cruzi, em homenagem a Osvaldo Cruz; já havia ganho vários títulos internacionais e chefiado a campanha contra a “gripe espanhola” (1918); e, no ano anterior à sua estada em Leopoldina, a Universidade de Hamburgo, lhe havia concedido uma medalha de ouro, sendo ainda Magister Honoris Causa das Universidades de Paris e Haward; - Em 18/06/1927, assina o filósofo e professor, Dr. Lydio Machado Bandeira de Mello como Promotor de Justiça; - É de 24/12/1928 as assinaturas do Dr. Pompílio Guimarães; Jehú Farias, da Gazeta de Leopoldina; e de Carlos Simões, do Diário Carioca; - A 01/05/1929, são os vereadores de nossa Câmara Municipal que assinalam no Livro sua visita ao Hospital, a convite do grande médico, Dr. Custódio Junqueira: Vereadores, Artur G. Leão; Justiniano Antonio da Fonseca; Olivier Fajardo de Paiva Campos; Joaquim Machado de Almeida (Quinca Machado); Francisco de Andrade Bastos (Chico Bastos); e Carlos Coimbra da Luz. De certo não imaginavam, esses edis de 1929, que um deles chegaria ao Catete, quinze anos depois... - No dia 03/10/1929, assinava o Livro da Casa de Caridade Leopoldinense o visitante ilustre, Francisco Campos (o lendário “Chico Ciência”), professor, ministro da justiça no Estado Novo, cuja Constituição elaborou, jurista emérito, reformador do Código Penal, autor do Código de Processo Civil, de inúmeros decretos-leis do Estado Novo, do Ato Institucional nº1, do regime militar de 64. Por ocasião da visita a Leopoldina era Secretário do Interior, de Minas; - A 09/12/1928, visitou-nos, deixando impressão positiva do Hospital, o Diretor de Saúde Pública, Dr. Raul de Almeida Magalhães; - A 20/08/1934, a C.C.L. recebia a visita do Governador, Benedito Valadares; - É de 11/06/1936 a assinatura do visitante, Dr. Antonio Neder, advogado, nascido em Caiapó, ex-aluno do Colégio Leopoldinense, futuro Juiz, Ministro e Presidente do Supremo Tribunal Federal; - Por esse tempo também por aqui estiveram, assinando o Livro de Visitas, os jornalistas: Mario Martins, “O radical” - depois deputado, senador, escritor; Rubem Braga, “Folha de Minas” – depois, escritor; Chagas Freitas, “Correio da Noite”, Rio, depois, dono de jornais e Governador do Estado do Rio de Janeiro; e Matta Machado, “O Diário”- Belo Horizonte; - Em 24/10/1929 duas assinaturas ilustríssimas são lançadas, juntas, no Livro: Getúlio Vargas e Benedito Valadares; - A 18/06/1944, assina o nacionalmente conhecido cancerologista Dr. Mario Kroeff; - Finalmente, em 13/08/1948, assina nosso Livro de Visitas o Sr. Milton Campos, na época o Governador de Minas, depois deputado, senador e ministro da justiça do governo Castelo Branco, em 1964. Deste ministério, demitiu-se em 1965 recusando-se a assinar o ato de cassação do deputado Tenório Cavalcanti, porque dele – dizia - aceitara apoio em eleição anterior... Castelo não sabia: Milton era “reserva moral” do país! São muitas, pois, as assinaturas no Livro de Visitas do Hospital - sendo uma dádiva para o observador decifrar-lhe rubricas, nomes e sobrenomes - mas nenhuma outra encerraria com maior dignidade a presente relação. Nota*: Estamos seguramente informados, dentre outras pessoas, por descendentes do Sr. José Wenceslau de Arantes Junqueira e da Senhora Maria Botelho Junqueira (sogra do segundo prefeito de Leopoldina, Sr. Chico Bastos, e avó do médico Dr. Rodolfo Arantes Junqueira), que foi, exatamente, no imóvel de número 47 (quarenta e sete) da Rua Manoel Lobato (geminado ao de número 57), que teria sido instalada, em 09/08/1896, a Casa de Caridade Leopoldinense. O prédio original foi demolido e, no terreno de ambos, construída uma única casa que leva o n°57 e pertence, hoje, a Francisco Junqueira Barbosa de Miranda e suas irmãs, Déa Junqueira Barbosa, Maria José Junqueira Barbosa e Leonor Junqueira Barbosa.
Por José Carmo Rodrigues, advogado e ex-provedor da Casa de Caridade Leopoldinense, membro da Academia Leopoldinense de Letras e Artes, era editor da Gazeta de Leopoldina.
Por Luiz Otávio Meneghite (jornalista).